domingo, 24 de julho de 2011

Antônio - 8


Amanhece. Os dois estão atracados sobre um colchão, nus, mas cobertos por um colcha de retalhos feita por Sâmia.
Despertam, beijam-se:
- Quer casar comigo? – Ele pergunta.
- Já estamos casados, esqueceu?
- Foi tão rápido que nem me dei conta...
Riem.

No dia seguinte, vão visitar Túlio.
Chegando lá, são bem recebidos por Dona Elpidea e por ele, que ainda sente algumas dores, mas está bem melhor.
Os ciganos, a mãe e o filho estão no quarto deste:
- E então, como vai, meu amigo? – Antonio pergunta a Túlio.
- Nasci de novo, cigano. E devo isso a vocês.
- A nós não deve nada, meu caro – fala Sofia.
- E nem queira – brinca Pedro e todos riem.
- Meu filho está bem – diz a mãe emocionada – Não tem dinheiro no mundo que pague a vocês o que fizeram por ele.
- Nós só demos uma força – fala Shalom. – Quem está se curando é ele.
- Mas se não fossem vocês... – Túlio se emociona.
- Como é lindo o bebê chorão! – Brinca Sâmia.
- Quando vocês partem, meus filhos? – Questiona a senhora.
- Quando o vento nos chamar, minha amiga, levantaremos acampamento – responde Antonio.
- Que pena! – Lamenta Dona Elpidea – Por que não fixam residência aqui? Muitos ciganos já fazem isso em alguns lugares.
- Estamos voltando para casa, minha boa senhora – diz Pedro. – Ainda passaremos por Cachoeira e Feira de Santana. Só aí estaremos todos reunidos e o depois, nem mesmo nós sabemos o que será.
- Como não sabem?! E onde moram?!
Os ciganos olham-na sorrindo:
- Nas estrelas, Dona Elpidea – responde Sofia – moramos nas estrelas.
Nesse momento, o vento irrompe magicamente no quarto. Elpídea e Túlio se arrepiam. Os ciganos se olham – é o sinal da partida.
Despedem-se carinhosamente.

À noite, Antonio pede licença à mulher e aos amigos e sai, alegando que vai resolver uma pendência e que volta logo.
Sâmia fica preocupada e se oferece para ir junto, mas ele prefere ir só e diz para ela não se afligir, já que a demora é pouca.
Ela concorda e ele se vai.
- O que será que ele vai aprontar dessa vez? – Questiona Sâmia.
- Confie nele – diz Pedro. – Sabe o que faz.

Na aurora do dia seguinte, os ciganos levantam acampamento e deixam a cidade. E em algum ponto, nas profundezas do Subaé, repousa a arma que um dia pertenceu a Túlio e foi jogada pelo cigano Antonio, na noite anterior.

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