segunda-feira, 25 de julho de 2011

Zenaide - 3



Em seguida chega um lindo casal jovem de ciganos. Ela é loira, bela e forte. Ele é moreno, robusto e sensual. Ambos vêm seguidos por um casal de ciganos maduros e morenos.
- Amigos! – Fala Miro com entusiasmo – Eis que chegam os noivos e os pais do noivo: Essa é minha filha Safira, meu genro Juliano e os pais dele, Miguel e Dara.
Todos os cumprimentam e eles se sentam juntos formando um grande grupo. Logo alguém chega com suco de laranja e biscoitos. Come-se, bebe-se, conversa-se, até que Antonio pergunta aos noivos:
- Como se conheceram?
- Acho que nossas mães podem falar melhor sobre isso – responde Juliano.
- Devemos ter nos conhecido desde outras vidas ou lá do mundo dos espíritos – fala Safira.
- Deixe-me contar – pede Cybelle – eu e Dara sempre fomos grandes amigas. Quando ela estava prenhe de Juliano... Já tinha três meses, mulher?
- Isso mesmo, irmã – confirma Dara.
- Pois bem, quando ela já o esperava eu emprenhei. Só que ainda não sabíamos que ela ia ter um menino e eu uma menina. Então...
- Então eu disse pra ela – continua Dara – se estivermos esperando eu, um macho; tu, uma fêmea, ou vice-versa, eles serão marido e mulher.
- Logo depois dessa conversa minha avó Zenaide – fala Miro – adivinhou que Cybelle estava com Safira no bucho e que Dara, com Juliano.
- Seis meses depois meu Juliano nasceu – fala Miguel com orgulho – e veio pelas mãos de vó Zenaide. Festejamos a vinda desse moço com muita bebida, comida e festa.
- Ele bebeu tanto que teve que ser levado para o hospital para tomar glicose – denuncia Dara e todos riem.
- E aí, quando dei a primeira mamada ao meu Juliano, disse em seu ouvido o nome mágico dele a fim de protegê-lo de energias negativas, das maldades do mundo e de tudo de ruim. Depois ele foi batizado na igreja com o nome Juliano que é conhecido no mundo dos gajões.
- Aí eu e Dara – fala Cybelle – ficamos naquela expectativa. Até que minha Safira nasceu e fizemos grande festa, pelo nascimento e pelo futuro casamento que hoje vai acontecer.
- E para nossa sorte, nos apaixonamos e nossa paixão se tornou amor – diz Safira.
- E se não tivessem se apaixonado – questiona Sofia – manteriam a tradição?
- Não – responde Juliano – O sentimento está acima da tradição.
- Não aceito esses modernismos – fala Miguel – Nada supera a tradição. Mesmo se eles não tivessem se apaixonado e as mães já estivessem feito o acordo se casariam. O amor vem com o tempo.
- Deixe de ser tapado, cigano – retruca Zenaide. – Sou mais velha do que você e minha mente é mais fresca que a sua. Não há sentido em se manter uma tradição se ela viola o bom-senso.
- Eu não me casaria com Juliano se não houvesse amor entre nós – fala Safira.
- Já vi que minha nora vai mandar no meu filho.
- Assim como eu mando em você – fala Dara e todos gargalham.
- Quantos anos vocês têm? – Sâmia pergunta aos noivos.
- 15 – ambos respondem.
- E vão casar assim tão novinhos? Não pensam em estudar, em outras coisas?
- Não, por enquanto – diz Juliano – Se não der certo, a gente separa, não é meu amor? – Ele beija a mão dela.
- É – ela responde. – Temos todo o tempo do mundo e não estamos preocupados com o que está por vir. Tudo o que temos é o presente e em função disso que queremos viver agora.
- Mas casamento é pra sempre – fala Miguel.
- Miguel! – Zenaide o repreende e ele se cala. - Casamento é para quando houver amor no casal – conclui Zenaide – e não se fala mais nisso.

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